quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Texto. Exposição coletiva 'Territórios sem fronteiras', Contraponto, São Paulo, setembro de 2011

Territórios sem fronteiras

Territórios pressupõem fronteiras, se os entendermos como áreas demarcadas, ou, espaços cujas dimensões são definidas em função de seus limites. Ocupam territórios as nações, os estados e as cidades. Ocupam ainda territórios, bairros, casas, quartos, móveis, objetos e, porque não, os corpos. Por vezes, são áreas demarcadas por fronteiras claramente visíveis, senão táteis. Outras vezes, essas demarcações são apenas supostas. Vastas aplicações para um termo que somente se faz existir pelo fato de a ele estar associada a noção de limites. Aos territórios, ainda, equivalem áreas dentro das quais transitam as singularidades que lhes são próprias, como são próprias as expressões plásticas de cada um dos seis artistas que, aqui, expõem seus trabalhos. Entretanto, e entre essas expressões, ao apontarmos para a existência de territórios sem fronteiras, isso não significa que o conjunto mostrado tenha se apoiado num paradoxo, num jogo de palavras, ou, na tradução de uma obra única, indivisível. Esta ausência de fronteiras sugerida está associada a outra circunstância, passível de ser encontrada no trânsito de informações que ocorre no espaço abstrato que hoje nos envolve, enformado virtualmente, onde os saberes e as culturas trafegam livremente, estabelecendo diálogos prováveis e improváveis; onde o homem é capaz de estabelecer vínculos e articulações as mais plurais possíveis, a despeito de suas linguagens e de seus valores distintos e distantes.
Por isso, se esses territórios sem fronteiras apontam metaforicamente para a ideia de desterritorialização, ao mesmo tempo eles apontam para lugares demarcados, por refletirem, como refletem essas obras expostas, convívios diversos que, se sabem atuar em conjunto, também sabem ser independentes em suas ações.
Neste espaço, agora ocupado por esses seis artistas, se as matérias e as linguagens de seus trabalhos se aproximam, simultaneamente, todas elas sabem ser singulares.

Os projetos desenvolvidos em grupo pelos artistas Adriana Rocha, Ana Michaelis, Carlos Camargo, Celso Orsini, Cris Rocha e Patricia Furlong visam, por meio de exposições, oficinas e palestras, apresentar as diferenças e as tangências que o conjunto de suas obras possa produzir. O grupo, denominado Em Branco, realizou quatro exposições desde 2004: Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre, 2004; Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, 2006; Galeria Referência, Brasília, 2008 e Museu Casa das Onze Janelas, Belém, 2008.
O nome Em Branco carrega em si a ideia do porvir, daquilo que está por tomar forma, por ser escrito ou por ser concebido.

Carlos Avelino de Arruda Camargo

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